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Reavaliação Dos Efeitos Da Vitamina D Sobre A Densidade Mineral Óssea
Atualizado em: 02/11/2017 às 11h58Introdução
Achados de uma recente meta-análise sobre a suplementação de vitamina D, sem coadministração de cálcio, não demonstraram prevenção de fraturas, possivelmente por causa de carga insuficiente ou doses inadequadas, ou porque a intervenção não foi direcionada a populações deficientes. Apesar desses dados, quase metade dos adultos mais velhos (acima de 50 anos) continua a usar esses suplementos. A densidade mineral óssea pode ser usada para detectar efeitos biologicamente significativos em coortes bem menores. Pesquisamos se a suplementação de vitamina D afeta a densidade mineral óssea.
Métodos
Pesquisamos o Web of Science, Embase e Cochrane Database, desde o início do estudo até 08 de julho de 2012, em busca de ensaios que avaliassem os efeitos da vitamina D (D3 ou D2, mas não os metabólitos da vitamina D) sobre a densidade mineral óssea. Foram incluídos todos os ensaios clínicos randomizados que comparassem intervenções que deferissem apenas no teor de vitamina D, e que incluíssem adultos (média de idade > 20 anos), sem outras doenças ósseas metabólicas. Reunimos dados com uma meta-análise de efeitos aleatórios com diferenças médias ponderadas e IC de 95%. Para avaliar a heterogeneidade dos resultados de cada estudo, utilizamos a estatística Q de Cochran e a estatística I2. O desfecho primário foi a variação percentual da densidade mineral óssea em comparação com o início do estudo.
Constatações
De 3.930 citações identificadas pela estratégia de pesquisa, 23 estudos (duração média de 23,5 meses, compostos por 4.082 participantes, 92% mulheres, idade média de 59 anos) satisfizeram os critérios de inclusão. Dezenove estudos tinham populações principalmente brancas. A concentração sérica média de 25-hidroxivitamina D no início do estudo era inferior a 50 nmol/L em oito estudos (n = 1791). Em dez estudos (n = 2294), os indivíduos receberam doses de vitamina D inferiores a 800 UI por dia. A densidade mineral óssea foi medida em um a cinco locais (coluna lombar, colo do fêmur, quadril total, trocânter, corpo total ou antebraço) em cada estudo. Portanto, foram realizados 70 testes de significância estatística entre os estudos. Houve seis achados de benefício significativo, dois de prejuízo significativo, e o restante foi não significativo. Apenas um estudo mostrou benefício em mais de um local. Os resultados de nossa meta-análise mostraram um pequeno benefício no colo do fêmur (diferença média ponderada de 0,8%, IC 95% 0,2-1,4) com heterogeneidade entre os ensaios (I2 = 67 %, p < 0,00027). Nenhum efeito foi relatado em nenhum outro local, inclusive o quadril total. Observamos um viés para resultados positivos no colo do fêmur e no quadril total.
Interpretação
A continuação do uso generalizado de vitamina D para a prevenção da osteoporose em adultos residentes na comunidade, sem fatores de risco específicos para a deficiência de vitamina D, parece ser imprópria.