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PNEUMONIA É PRINCIPAL CAUSA DE MORTES POR DOENÇAS PREVENÍVEIS POR VACINAÇÕES
Atualizado em: 23/04/2018 às 11h00Pneumonia também é a principal causa de morte relacionada à gripe. A vacinação pneumocócica, no decurso da vacinação de gripe, constitui-se oportunidade para reduzir a terceira causa de mortes em todo o Mundo, incluindo o Brasil.
23abr18, Newton Bellesi, CLIMEP – De acordo com o Economist Intelligence Unit, países desenvolvidos e em desenvolvimento precisam preparar-se para o envelhecimento da população e o impacto de doenças como a pneumonia, a principal causa de mortes por doenças imunopreveníveis.
A infecção está entre as três principais causas de morte em todas as idades, atrás apenas das doenças cardíacas e das doenças cerebrovasculares. Estima-se que a pneumonia cause a morte de uma criança a cada 20 segundos, mas as consequências não afetam apenas os pequenos. A doença é mais frequente abaixo dos cinco anos e acima dos 65 anos, porém os maiores índices de mortalidade e complicações devido à doença são registrados na maturidade: menos de 8% das mortes em crianças e mais de 60% entre maiores de 70 anos.
O aumento da letalidade e da morbidade da pneumonia na maturidade tem a ver com a imunossenescência – processo de envelhecimento do sistema imunológico – , comorbidades e o fato dos adultos estarem menos protegidos, em termos de vacinação, que as crianças.
A vacinação contra o pneumococo (Streptococcus pneumoniae) constitui-se a forma mais segura e eficaz de prevenção contra a pneumonia. Depois da água potável, o evento com melhor custo-benefício para saúde pública são as vacinações. As medidas preventivas são mais eficazes e têm custos menores do que o tratamento, que envolve uso de antibióticos, hospitalização e o acompanhamento de familiares para cuidar dos pacientes, que para isso precisam deixar de trabalhar.
O relatório ‘Cuidados Preventivos e Envelhecimento Saudável: uma Perspectiva Global’, da Organização Mundial de Saúde, destaca a vacinação como um dos métodos com o melhor custo-benefício para reduzir as doenças infecciosas, trazendo análises baseadas em experiências de oito países, incluindo o Brasil.
No caso da vacinação pneumocócica alguns, aspectos devem ser enfatizados:
1) o pneumococo é transmitido de uma pessoa para outra através de gotículas de secreção eliminada através da respiração, do falar, da tosse e de espirros, direta ou indiretamente, da mesma forma como o vírus influenza, da gripe;
2) muitas pessoas hospedam o pneumococo no nariz e na garganta sem apresentar sintomas – são os portadores assintomáticos – transmitindo para outras pessoas de seu convívio mais próximo;
3) a vacinação pneumocócica-13-conjugada (Pn13), ao reduzir a taxa de portadores assintomáticos, reduz a circulação do pneumococo na comunidade, especialmente entre familiares e colegas de atividades. A vacinação pneumocócica-23-polissacarídica (Pn23) não reduz a população portadora assintomática, mas é importante como vacinação de reforço para pessoas com comorbidades (diabetes, doenças cardiocerebrovasculares, obesidade, alcoolismo, asma, enfisema etc).
4) a vacinação Pn13 protege para as três cepas de pneumococos que mais produzem doença atualmente no Brasil, o que a vacinação Pn-10, oferecida no contexto do calendário de vacinação pública, não faz;
5) a vacinação de crianças reduz a infecção e doenças entre adultos não vacinados. A vacinação de crianças maiores e adultos, com uma única dose da vacina Pn13 – como se pratica nos países da Comunidade Europeia – constitui-se procedimento importante para a prevenção da infecção pelo pneumococo, de sua disseminação entre conviventes, da prevenção de doenças e complicações relacionadas ao pneumococo, incluindo o desenlace fatal.
NBellesi, médico infectologista e imunoalergologista, CRM-PA 765, RQE 2483 e RQE 5110, nbellesi@climep.com.br