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Desinformação Supera O Medo Da Gripe
Atualizado em: 02/11/2017 às 23h12O medo de pegar a gripe influenza/H1N1, que já matou 71 pessoas no País, duas das quais em Belém, pode ser percebido nas ruas, onde a reportagem ouviu estudantes do ensino médio e universitário, ambulantes, empregados de empresas e donas de casa. De dez pessoas ouvidas, somente a balconista de uma loja, na avenida Pedro Miranda, Rosângela Souza, 27 anos, dispunha de informações corretas sobre a doença e, principalmente, sobre como se prevenir. “A gente tem de lavar as mãos sempre, várias vezes ao dia, se não tiver água e sabão, o álcool gel já dá resultado’’, disse ela.
Procurado, o infectologista Rhomero Assef Souza, que trabalha nas redes de saúde pública e privada em Belém, reitera que a higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel a 71% é fundamental para evitar a contaminação. Ele observa que a higienização das mãos exige que se retire anéis, pulseiras, relógio, que acumulam microrganismos que não são removidos com a lavagem das mãos. Ele também alertou que evitar locais com aglomeração de pessoas reduz o risco de contrair a doença. “Em locais fechados com muita gente, você pode ser contaminado pelo espirro e tosse de quem está doente’’, observou o doutor.
Ele explica que a principal forma de transmissão não é pelo ar, mas pelo contato com superfícies contaminadas. Por isso, o uso de máscaras não é recomendado pelo Ministério da Saúde. Quem está doente deve usar máscara, quando estiver em contato com outras pessoas, para não transmitir o vírus.
A servente Graça Ribeiro, 51 anos, lamenta o fato de haver mais uma doença com que se preocupar. “Já tem tanta doença por aí. Dengue, Zika Vírus. E, agora, mais essa”, afirmou. Para se prevenir, ela diz que, em casa, usa repelente para proteger a si e a toda a família. A preocupação de Graça aumenta, pois trabalha em uma escola pública, onde há um fluxo muito grande de pessoas. O taxista Antonio Orlando da Silva, 59 anos, também confessa o medo do vírus H1N1. Como motorista, transporta muitos passageiros e não dá para saber quem está ou não doente. “Não tenho nenhum tipo de proteção”, afirmou. “Só fé em Deus”, resignou-se. Antonio critica o fato de as autoridades pedirem às pessoas que adotem todo tipo de cuidado, mas não fazem sua parte. “Tem lixo para todo canto”, afirma.
Vendedor ambulante de lanches na travessa Mauriti, esquina com a avenida Pedro Miranda, Luis Seabra confunde os sintomas da gripe H1N1. “Sei que dá muita dor nas articulações’’, disse ele, referindo-se aos sintomas da Zika, que incluem febre baixa, dor nos músculos e articulações, além de vermelhidão nos olhos e manchas vermelhas na pele. Os médicos orientam as pessoas a buscar informações em sites seguros na internet, a exemplo dos ligados ao Ministério da Saúde (http://portalsaude.saude.gov.br/) e a entidades médicas.
Outra situação preocupante é o desinteresse quanto à volta da gripe H1N1. Os primos Wallace Jordan Souza Mota e Carolina Barbosa Prata de Souza, de 23 e 21 anos, respectivamente, disseram não estar preocupados com o vírus. Carolina admite que só tem informação sobre a dengue, “que virou modinha’’, disse a jovem; Wallace admitiu que não lembrava dos sintomas da gripe H1N1. “Nunca mais tinha ouvido falar dela, não’’, disse o rapaz que estuda geografia na Universidade Federal do Pará. Carolina faz cursinho pré-vestibular.
A reportagem encontrou idosos procurando pela vacina contra o vírus H1N1 nos postos de saúde estaduais da Pedreira (avenida Pedro Miranda) e do Marco (avenida Romulo Maiorana). Em ambos locais, os usuários foram informados por funcionários que a campanha nacional de vacinação contra influenza começará no próximo dia 30 de abril, até 20 de maio, de responsabilidade do Ministério da Saúde. A campanha será destinada a crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, idosos, profissionais da saúde, povos indígenas e pessoas com doenças crônicas e outras que comprometem a imunidade.
Fonte: O Liberal